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quinta-feira, 22 de abril de 2010

G1 entrevista Tim Burton

Johnny Depp com as pupilas ultradilatas para encarnar o Chapeleiro Maluco, Helena Bohnam Carter com um cabeção gigante interpretando a Rainha Vermelha e uma atriz que o público praticamente desconhecia para viver a protagonista.

Ainda assim, Tim Burton diz que sua adaptação de
Alice no País das Maravilhas para o cinema foi a que menos “amalucou” os personagens do escritor Lewis Carroll.

“A estrutura que criamos permitiu que o público enxergasse cada um dos personagens, pois em outras versões eles ficaram muito amalucados”, diz o diretor sobre sua adaptação, que chega aos cinemas do país nesta sexta-feira (23). “Johnny Depp passou muito tempo analisando e pesquisando o Chapeleiro Maluco para torná-lo mais humano. Você pode entender melhor os personagens agora, se comparar com as outras versões”, completa.

Em entrevista coletiva realizada em Los Angeles da qual o G1 participou, o cineasta também falou sobre a escolha da atriz australina Mia Wasikowska, de 20 anos, para o papel de Alice. “Mia tem a alma de uma pessoa mais velha. Acho que isso combinou muito com o personagem”.
Na entrevista a seguir, Burton fala sobre filmar em 3D, da parceria longeva com Depp e diz que sonha mais quando está acordado do que dormindo.

Pergunta- Qual foi seu critério para decidir o quão longe você poderia chegar nessa adaptação?
Tim Burton - Quando recebi o roteiro estava tudo lá, então era claro para mim. Não queria deixar a história sombria demais. Clássicos da literatura infantil, de alguma maneira, já são bizarros. A estrutura que criamos permitiu que o público enxergasse cada um dos personagens, pois em outras versões eles ficaram muito amalucados. E essa nunca foi nossa intenção. Tentamos delinear cada personagem dando espaço para a loucura deles. Johnny [Depp, que faz o Chapeleiro Maluco] passou muito tempo analisando e pesquisando o personagem dele para torná-lo mais humano. Você pode entender melhor os personagens agora, se comparar com as outras versões.

Pergunta- Você acha que a história de “Alice” ainda é moderna?
Burton - Sim. Quando você olha para a cultura pop, principalmente a música, os nomes das bandas, ilustrações, vê um pouco de “Alice” ali. Outro dia alguém me perguntou quando eu li o livro pela primeira vez e eu disse que não sabia. Mas o fato é que eu conhecia bem esses personagens. Existe alguma coisa sobre a história que realmente toca nossa imaginação, nossos sonhos. Se Lewis Carroll tivesse escrito essa história hoje, ainda assim ela seria incrível. Seria algo que ainda nos deixaria boquiaberto, e também seria difícil de explicar. Por que o Gato Risonho, Coelho Branco ou o Chapeleiro Maluco estão em nossas mentes? Acho que essa é a beleza de nossos sonhos e subconsciente.

Pergunta- O que Mia Wasikowska tem de especial para ser a escolhida para interpretar a Alice?
Burton - Apesar de jovem, Mia tem a alma de uma pessoa mais velha. Acho que isso combinou muito com o personagem. O que Alice precisava era ser jovem e velha ao mesmo tempo, para mostrar aquele período de transição, no qual a melancolia e a tristeza não se encaixam em lugar nenhum. Pelo fato de ela ser relativamente novata, existia frescor. Eu adorava ficar olhando para Mia, porque ela está no filme o tempo todo e ancora todos os personagens esquisitos que encontra.

Pergunta - Johnny Depp disse que às vezes sente uma certa pressão ao trabalhar com você porque não quer te desapontar. Você sente isso também?
Burton – No caso de qualquer ator - seja um com quem você trabalha pela primeira vez ou com quem já tem uma parceria antiga - o objetivo é sempre o mesmo. Depende do ator me surpreender, e eu também devo surpreendê-lo. Você quer que toda a equipe surpreenda. Seja o câmera, o diretor de arte... Essa e a excitação de se fazer um filme: um surpreendendo ao outro.

Pergunta- É um desafio extra trabalhar com efeitos especiais?
Burton - Normalmente eu rodo uma cena e as vejo no monitor. Chego ao set, filmo tudo e depois passa os próximos meses fazendo a edição, mixando música e o som. Filmagens com efeitos especiais são o oposto. Você começa com pedacinhos, usando tantas técnicas malucas e ainda por cima você só verá o resultado meses e meses mais tarde. Foi desafiador e aterrorizante ao mesmo tempo, pois foi uma coisa totalmente diferente do que costumo fazer.

Pergunta- Você fala sobre sonhos, mas como experimenta o ato de sonhar? Seus sonhos são em preto e branco ou colorido?
Burton - Meus sonhos são em preto e branco e colorido. Por isso fiz alguns filmes em preto e branco e outros coloridos, pois acho que ambos são válidos. Mas para falar a verdade, sonho muito mais acordado do que dormindo. Tive alguns sonhos em minha vida que me lembro muito bem, mas eles não são muitos. A grande questão é ter mais tempo para poder me desligar de tudo e sonhar acordado, olhar para as nuvens e viajar.

Agradeço a johnnydepp.com.br

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