Gente, depois de ser eleito o homem mais sexy do mundo em 2009, pela revista "People", o nosso Johnny ganhou mais um prêmio de uma publicação: a "Entertainment Weekly" considerou o ator o melhor artista da década.
Aos 46 anos, o nosso Johnny lidera a lista de 15 personalidades selecionadas pela revista, que inclui ainda os nomes de Beyonce, J.K. Rowling, Simon Cowell, Tina Fey, Justin Timberlake, Jon Stewart, Peter Jackson, John Lasseter, Oprah, Will Smith, J.J. Abrams, Meryl Streep, Steve Jobs e Sarah Jessica Parker.
A revista publica ainda uma lista com os 100 maiores filmes, programas de TV e músicas da década. Além de brindar seus leitores com os preferidos de Stephen King na TV em 2009.
Quando a década começou, o nosso Johnny não era o mesmo Johnny Depp de hoje.
Claro, as críticas o tinham irritado, um dos mais requintados atores de sua geração. Mas Depp ainda não tinha achado seu lugar nas bilheterias. Naquela época, ele era um mártir artístico do próprio São Judas de Hollywood, patrono das causas perdidas do cinema. Para cada sofrido acerto em seu currículo esquisito como A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça ou Chocolate, tinha um erro como Medo e Delírio. Então algo aconteceu. Johnny Depp encontrou seu caminho no mais improvável dos lugares.
É fácil olhar para Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra de 2003, um sucesso de bilheterias de Jerry Bruckheimer com a Disney, e concluir que o nosso querido Johnny finalmente tinha "vendido sua alma".
Mas qualquer um que viu sua transformação lunática como Capitão Jack Sparrow sabe mais. É uma daquelas grandes performances, tão singular e subversiva que é difícil acreditar que ele surgiu com ela. Que ele quase não surgiu quando os executivos do estúdio viram os jornais e por pouco não tiveram um infarto coletivo.
O primeiro Piratas rendeu $305 milhões e provou que o singular dom de Depp podia ganhar uma grande audiência. Ninguém ficou mais confuso com seu sucesso do que o próprio Depp. Quando o ator sentou com a EW em 2003, ele disse: “Tudo que posso dizer é que para um cara como eu que está oscilando nesse trabalho nos últimos 20 anos, para finalmente ter algum sucesso, é inesperado e muito emocionante.” Depp recebeu sua primeira indicação ao Oscar por Piratas.
E só pra mostrar que não foi apenas um golpe de sorte, ele foi indicado novamente pelo drama Em Busca da Terra do Nunca de 2004.
Então, em 2008, ele foi indicado pela terceira, cantando e cortando gargantas em Sweeney Todd. Hoje, Depp, é um grande ícone e um pai. (Ele e sua parceira de longa data, cantora e atriz, Vanessa Paradis têm duas crianças, Jack e Liliy-Rose Melody.)
Johnny não é mais o levado patrono das causas perdidas do cinema, mas algo muito mais raro: um artista que está magicamente vivo naquele passageiro momento entre ''Ação'' e ''Corte''.
Meus essenciais, por Johnny Depp
Filmes
Down by Law (dir. Jim Jarmusch)
Um doce, engraçado, existencialista crime brincalhão que apenas Jim Jarmusch podia conceber. Algo superlativo. Um dos meus favoritos de todos os tempos.
Ed Wood (dir. Tim Burton)
Apesar de meu envolvimento, esse filme é uma frágil jóia cômica. Um elenco incrível pra trabalhar como Martin Landau, Bill Murray, etc., mas, claro que com Tim, ali existe quase uma sensibilidade fraternal, que fez de toda experiência uma alegria. Últimamente, sinto, que com a liberdade artística que tivemos, Tim Burton produziu um clássico americano. Uma carta de amor à um cineasta que não recebia muitas.
To Have and Have Not (dir. Howard Hawks)
Um casamento de três das minhas coisas favoritas: Bogart, filme da década de 40, e Hemingway. Não sei como você superaria isso. Não é justo para com ninguém! Ah sim… e Lauren Bacall como a garota dos sonhos de qualquer homem com um pulso.
Time of the Gypsies and Underground (dir. Emir Kusturica)
Emir é um gênio. Essa é uma poesia visual, com uma dose saudável de mágica e absurdo. Um daqueles últimos verdadeiros diretores, assim como Tim Burton e Jim Jarmusch, deixando a arte viva no cinema.
Withnail and I (dir. Bruce Robinson)
''Esfregões!'' ''Vamos, rapazes, vamos para casa, o céu está começando a escurecer e seremos forçados a acampar!'' ''Eu tenho um bastardo por trás do olhos.'' Posso continuar? Nenhum outro filme da história tem suas falas tão citadas ou tem inspirado tal fidelidade cult. Provavelmente o filme mais engraçado que eu já vi! Bruce Robinson. Aqui está outro gênio. Literalmente um dos meus três filmes favoritos de todos os tempos.
Música
Tom Waits, Rain Dogs
O diabo não tem as melhores melodias. Tom Waits tem. É quase impossível escolher apenas uma. Durante os anos, a qualidade das músicas de Wait nunca titubeou. Suas marcas de alto-mar são inumeráveis. Esse é meramente um entre muitos. Para os amantes da lua e cães de ferro-velho de toda parte.
Chuck E. Weiss, Old Souls & Wolf Tickets
Uma verdadeira jóia. Juntando doce, engraçado e lindo. Assim como o próprio. Genial!
Bob Dylan, Blood on the Tracks
A pílula amarga. Venenoso, e ainda de alguma forma catártica. Aquela frase de You’re a Big Girl Now – ''With a pain that stops and starts/Like a corkscrew to my heart/Ever since we’ve been apart'' (''Com uma dor que pára e começa / Como uma rolha torcida no meu coração / Desde que nos separamos'')– me mata toda vez. De partir o coração. Dylan é incapaz de um momento ruim.
Babybird, Ex-Maniac
Esse vai ser lançado ano que vem. [O vocalista Stephen Jones] é um tesouro nacional, se você é Inglês. Para todos os outros, ele é um diamante esperando para ser achado. Poeticamente, ele é sombrio como a noite, brilhante e afiado como uma navalha.
Augie March, Watch Me Disappear
Raro e eterno, Augie March vive na meia-luz do dia. Esbarrando nessa banda, achei o seu jogo de palavras deslumbrante e sublime, mercurial, misturas labirínticas, verdadeiras maravilhas de se ver!
Vanessa Paradis, Bliss and Divinidylle
Agora, alguns podem me acusar de uma inclinação, e é claro que não pode ser negado, assim como o gênio pop suavizado dessas duas coleções superiores de melodias gaulesas clássicas! A trilha sonora de nossa vida en famille.
Bat for Lashes, Two Suns
Essa garota tem algo especial. Celestial, sobrenatural. Sem esforço, único e distinto. Encantador! Pode ser tocado repetidas vezes e nunca parece o mesmo.
The Pogues, Rum Sodomy & the Lash
Selvagem, linda poesia de um dos melhores poetas do século. Um grande testamento de amor, aventura e hedonismo! Shane MacGowan é o sonho de Brendan Behan que se realizou.
Keith Richards, Unknown Dreams (ainda não lançado)
Gravado em Toronto enquanto Keith sofria uma sentença de prisão por portar drogas, carregando um potencial de vida dentro [ele tinha permissão], essas oito gravações podiam fazer um homem adulto chorar. Desarmado, frágil, do fundo da alma. O som de um homem na beirada, olhando para fora.
Serge Gainsbourg, Histoire de Melody Nelson
Tão além de seu tempo. Tão legal. Gainsbourg entrega sua obra-prima aqui, e uma que, para mim, traz muitas lembranças felizes. Tanto assim, o nome da minha filha foi, em parte, inspirado após sua tour perfeita.
The Rolling Stones, Tattoo You and Sticky Fingers
Quase impossível escolher um LP, ainda mais difícil escolher apenas 2, sendo eles todos gloriosos, mas esses trabalhos tem sido com sucesso a trilha sonora de muitas noites fora, sair badalando pela cidade, em outra vida.
Patti Smith, Horses, Easter, and Radio Ethiopia
Para ser honesto, eu poderia escolher qualquer CD de Patti Smith. Cada um é um presente dos deuses. Junto com Dylan, Waits e Richards, ela é uma das grandes sobreviventes da música, e uma verdadeira lenda em cada sentido da palavra. Assim como é importante para um poeta o respirar ser desenhado.
Livros
The People’s Act of Love de James Meek
Um épico sombrio, terrível, sedutora jornada definida em meio à tundra gelada da Rússia em tempos de guerra. Prosa deliciosa. Uma vez que suas garras sujas rompem a pele, aquele aperto gelado da morte não te deixará ir tão cedo. Inesquecível.
In the Hand of Dante de Nick Tosches
Uma obra-prima moderna. Muito superior a quase tudo publicado nos últimos 50 anos. Não vou me incomodar em tentar descrevê-lo. Apenas vá pegá-lo.
The Wilderness Warrior: Theodore Roosevelt and The Crusade for America de Douglas Brinkley
Um fascinante, imenso livro a respeito do intenso amor de Teddy Roosevelt pela natureza e como, durante sua presidência, ele essencialmente tornou-se um dos primeiros eco-guerreiros.
The Ginger Man de J.P.
As aventuras de um incorrigível Sebastian Dangerfield. Rebelde, voluntarioso, e totalmente desonesto. Esta lírica, cômica maravilha me foi apresentada por Hunter. Todo homem deveria ler esse livro e gastar pelo menos uma noite de sua vida imitando sem remorso este horror de um indivíduo!
Fierce Invalids Home From Hot Climates de Tom Robbins
Um conto chocantemente ótimo, que apenas Tom Robbins pode dar. Apenas alguns poucos escritores me fizeram rir em voz alta – Robbins faz isso facilmente.
On the Road e Big Sur de Jack Kerouac
Não há nada que eu possa dizer que não tenha sido dito antes, ou mesmo adicionar o que não foi adicionado. Salvo para falar, esses livros são tão importantes para mim quanto tem sido para muitos. Duas obras histórias essenciais que nunca vai descansar feliz em casa em cima de uma prateleira empoeirada.
The Master and Margarita de Mikhail Bulgakov
Esse sombrio, absurdo, e subversivo tesouro permaneceu escondido por vários anos, mesmo após a morte de Bulgakov, tanto era o medo de represália por tal sagacidade, autêntica apunhalada na vida debaixo da tirânica malevolência de Uncle Joe e o clima soviético minguante da época.
A Season in Hell and The Illuminations de Arthur Rimbaud e The Flowers of Evil de Charles Baudelaire
Possivelmente um dos mais divinos textos na história do mundo. Ao longo da minha vida, um dos mais confiáveis companheiros de bolso que não poderia imaginar.
The Rum Diary e Fear and Loathing in Las Vegas by Hunter S. Thompson
Dois dos meus preferidos, ambos de autoria, claro, de um querido amigo. O primeiro, um hábil, selvagem romance bastardo. O Segundo, simplesmente memorável. Definição de gênio.
Eu poderia continuar e continuar… Alguma outra hora, talvez. JD.
Agradeço ao site johnnydepp.com.br pelo texto.